terça-feira, 31 de agosto de 2010

Esta merda bem podia ser o hino da Vara....

Eu também me alembrei de uma coisinha...

... Uma boa maneira de começar a manhã.


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

As merdas de que eu me lembro IIIIIII




Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

Led Zeppelin - Whole Lotta Love - Knebworth - 1979

As merdas de que eu me lembro IIIIII

Shane Mcgowan

Para a Lui: Rum, Sodomy & the Lash, que é do que ela gosta.




domingo, 29 de agosto de 2010

Fuck Yeah!

sábado, 28 de agosto de 2010

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Bom fim de semana, eu volto daqui a dias...

As merdas de que eu me lembro IIIII


As merdas de que eu me lembro IIII (sim, eu sei...)


As maravilhas de que me lembro por causa das merdas que lhe lembram

A propósito do post anterior, lembrei-me de ir um bocadinho mais atrás, até isto:



...o que me lembrou imediatamente disto:

As merdas de que eu me lembro III

O que estes ménes faziam em palco, pá.....

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Parabéns, pá!

Sim, é para ti, coirão!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010



Silêncio, porra!



Damas e Cavalheiros, a Varetaphunda Produkchans tem o incomensurável orgulho de vos brindar com uma pérola de cultura popular arrancada a lágrimas dos subúrbios da capital, ali pelos primeiros anos da liberdade.
"Pureza" é a palavra de mote que transpira desta linda, ternurenta e comovente canção de amor, que já será do conhecimento de alguns, e que se espera ser novidade para outros, e que nunca é demais recordar, até porque recordar é viver*.

Convosco, Artur Gonçalves. Disfrutai.


*Espadinha, Vitor, 10.06.1939-.


«Não passes com ele na Musgueira»
Ao fim de tanto tempo de seres minha
Cavaste, outro arranjaste, fostes foleira
Vi-te passar com esse trinca-espinhas
Junto à minha barraca na Musgueira.
Vi-te passar com esse trinca-espinhas
Junto à minha barraca na Musgueira.

Podia-me vingar quando te vi
Marcar-te esse focinho com uma faca
Mas vinguei-me a borrar, borrei para ti
Por entre as tábuas toscas da barraca.
Mas vinguei-me a borrar, borrei para ti
Por entre as tábuas toscas da barraca.

Cavaste, que o diabo te persiga
Só te desejo mal, grande marreca
Que tenhas caspa e sarna na barriga
Que te caia o cabelo, fiques careca.
Que tenhas caspa e sarna na barriga
Que te caia o cabelo, fiques careca.

Mas olha, minha tosca bagaceira
Antes que fosses dele, eu já fui teu
Pooooodes sempre passar lá na Musgueira
Mas nunca tragas eeesse Camafeu.
Pooooodes sempre passaaa-aar lá na Musgueira
Maaas nunca tragas esse Camafeu.

Trlim-trlim.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

História de Enconar



Cont

By Ostia








900 tainhas, ni una mas ni una menos. Ese era exactamente el numero que llevaba contado Octavio Patillas (OP) cuando la Tía Buena (TB) descaradamente le ofreció cambiar peces por moscas en un alarde de puterío nunca visto hasta hoy en terraza alguna de las Docas.

Bien era cierto que TB era de fácil apertura como las latas de atunisabel (rico en omega 3) , pero algo oculto tras sus cabellos negro azabache le decía que con aquel cliente potencial el asunto iba a ser otro cantar. Inconscientemente o no, se metió la mano que tenia libre por el escote y se acomodó las tetas en la concavidad armada de su wonderbra. Gesto reflejo que llevaba a cabo cada vez que algo no le terminaba de cuadrar o cada vez que se le escapaban del presidio.

Bueno pimpollo, vamos al cabaré, si o que?- le soltó OP sin molestarse ya en apartar la vista de sus generosas protuberancias.

TB: esta bien, en eso hemos quedado no? Pero no te me pongas sobón antes de enseñar la visa que saco la mano a pasear.

OP: a mi no me importa mientras encuentres rápido el pomo donde agarrarte.

TB: Moderación Octavio, espera que cojo el bolso y nos vamos pal centro.

Las calles de la ciudad están llenas de adoquines a esa hora, aliás como en todas las horas porque aunque los espíritus maten mas o menos 200 personas al dia, que se sepa no se molestan en perder el tiempo despavimentando y asfaltando las calles empinadas de la ciudad que guarda en el centro de sus miles de hojas verdes (y un poco comidas por el pulgón), el mas extraño de los secretos: un cogollo.

Para la TB parece que hasta esa noche no se han hecho evidentes las formas geométricas que desaparecen a velocidad de crucero bajo las ruedas de la Ford Transit .

TB: te has fijado en los adoquines?

OP: Lo cualo?

TB: que si has visto la forma de los ladrillitos de la calle.

OP: ah eso es la famosa calzada . Es muy típica, como los bigotes.

TB. No seas gracioso, quiero decir las piedras rectangulares del centro la calle, por donde circulamos.

OP: pues no, y mira que por mi profesión debía haberme fijado en eso, pero nunca lo hice…

Octavio da un saltito en su asiento lo que lleva a sospechar a la TB que puede tener lombrices, pero no! el teme haber hablado demasiado y que la chica pueda adivinar que es detective.

TB: te sientes bien?

OP: si , la emoción del apareamiento inminente que suele producirme meteorismo .

TB: Ah bueno...

Ella no quiere quedar como una rubia aunque sus intenciones sean convertirse en una de ellas en cuanto le saque algo de pasta al “cuenta bestias “, solo reza para que ese nombre no pertenezca a una enfermedad contagiosa e irreversible.

TB: Eres paleta?

OP: No , técnico-capataz-superior-chofer del camión de la basura.

La Ford se detiene y un vapor de humedades ancestrales sube de los infiernos y tiñe de azul la escena.

TB: Es aqui mismo, conocias en antro?

OP : Pues no tengo el gusto .( Octavio determina que tendrá que ser mas cuidadoso y no volver a meter la pata)

Ella espera ilusa que el piloto le abra la puerta, pero cuando ve el culo del tio en la entrada del Pulgatorio Cabaré comprende que no es tampoco su principe azul y se baja.

OP: Que haces chica? Te recomponías la faja?

TB : No. Estaba retocandome el maquillaje ( ingeniero do carro da merda, scarface pedorro) Su pensamiento ha sido tan fuerte que cree que el le habrá oido la mente....

História de Enconar


(cont)


By ME












… e pegou na pasta para a tirar de cima do pedestal do amor quando, de repente e sem ela ter sequer abanado muito a coisa, a mesma se abriu, vomitando papéis e papelinhos por todo o tapete de Arraiolos (feito pela querida Mãezinha durante estadia no Hospital Santa Maria por crise aguda de herpes rectal).

- Ahhhh!, exclamou Gestrudes enquanto olhava pela janela e piscava o olho ao céu azul que se deixava ver por entre os telhados, chaminés e antenas parabólicas lá do bairro.

Sentou-se no chão, de pernas abertas, e puxou toda aquela parafernália de letras e carimbos para si, bem entre as pernas que era onde gostava de guardar o que lhe era mais sagrado. Dito isto, sacou de sandoca de presunto (sem manteiga) de bolsinha especial da perna direita do collant e enquanto lia o que lhe informava aquela papelada, ia comendo e arrotando com uma satisfação que só visto.

Quando pegou num papel rosa, deixou cair a sandoca e o resto do que estava a mastigar da boca. Mal conseguia acreditar! Era uma factura/recibo das bombas de gasolina onde ela costumava ir comprar o tabaco de mastigar que tanto gostava e não só.

- Mas será que o parvo descobriu alguma coisa e foi lá de propósito? Será que se andou a armar em detective e descobriu o que vou lá fazer???

O terror apoderou-se dela. Tremia que nem varas verdes o que, para uma mulher daquele tamanho, a fazia parecer um monte de gelatina com cócegas. Chegaram-se-lhe os calores. Despiu-se toda em pesado pranto, suplicando a Deus e seus Santinhos que Octávio fosse o mais incompetente de todos os detectives semi-amadores do mundo.
Dirigiu-se à janela e num acto de desafio aos Deuses, sacou do soutien e, de mamas ao léu e bem à vista de todas as vizinhas, gritou:

- Que me caiam já as mamas até aos tornozelos se, raios partam o parvalhoso, eu abdico algum dia do meu Mastigável!

Com mão aberta e dirigida ao céu, jurou para si mesma que tal nunca aconteceria.
Enquanto se vestia, coçava os pêlos encravados que tinha à volta dos mamilos, mandava as vizinhas à merda pela janela, e arrumava os papéis, olhou a cadeira de novo e deixou-se cair naquele sítio tão bonito que só a memória oferece…

Tinha-se casado há três dias quando o seu amado lhe pediu para ir até às bombas de gasolina Etc comprar mantimentos para umas noites que iria passar a vigiar um salão de jogos para ver se o empregado realmente andava a jogar snooker à borla (há donos de estabelecimento desconfiados de tudo), quando, ao passar pela portas automáticas da mesma e depois de ter levado com bafo de ar fresco que a arrepiou todinha e em sítios onde não sabia ser possível arrepiar-se, o viu.

A sua farda impecavelmente engomada, fralda para dentro, cinto de cabedal com fivela dourada. Sapatinho lustroso e bicudo (como ela gostava de ver uns pés assim, grandes). Cabelo cuidadosamente penteado para trás, muito bem agarradinho com elástico de borracha bem no centro da nuca. Barba por fazer e com falhas no pescoço, bem a jeito de levar umas dentadas. Olhou-o e, de repente, esqueceu-se de tudo e todos e caiu redonda no chão de tanta emoção.
Vitorino, o responsável por tal debandada de sangue da cabeça de Gestrudes, agachou-se sobre ela e acabou por se sentar em cima de seu farto peito de modo a ver se a mulher, afinal, respirava ou não. Tapou-lhe o nariz e puxou do espelho que andava sempre dentro do bolso da sua camisa e enfiou-o boca a baixo. Respirava. De seguida, balançou-se duas vezes, mandou dois saltinhos e gritou-lhe ao ouvido para a acordar.

- Oh, minha! ‘Tás aí, pá? Atão? Na podes ficar aqui! Oi! Levanta-me esses rolos do chão q’eu tenho clientes para atender!

Como Gestrudes não respondia, deu mais um saltinho em cima do seu peito acabando por se desequilibrar e aterrar, boca primeiro, em cima dos ressequidos e sedentos lábios de Gestrudes. Acordou de imediato, vendo diante de si uns olhos castanhos semi-cerrados e com tão poucas remelas que até ficou admirada. Num impulso de paixão, Gestrudes enfiou a sua língua para dentro da boca de Vitorino e, num laivo de sensualidade, mordeu-lhe a língua enquanto ele se afastava, preso pela mesma e gritando pela misericórdia de deus naquele, o mais temível momento de sua vida.
Gestrudes largou-lhe a língua e sorriu-lhe enquanto ajeitava a blusa e a saia. Vitorino, de pé, sobre ela, ofereceu-lhe a mão para a ajudar a levantar-se. Ela, ainda meio lerda de tanta emoção, pegou-lhe pelo escroto e levantou-se num instante.

- Comia-te, disse ela baixinho, meio envergonhada.
- Mas depois tinhas de me cagar, oh lindona, respondeu-lhe ele.
- Tu vens comigo, disse-lhe ela.
- Aonde?, respondeu-lhe ele.
- Para casa.
- ‘Tá-se, sorriu-lhe ele enquanto coçava os tomates.

Comprou o que tinha a comprar e lá foram.
Chegados a casa, mandou-o esperar nas escadas do último andar do prédio enquanto despachava Octávio.
Permitiu-lhe que lhe apalpasse as mamas duas vezes, em jeito de despedida, e enquanto este saía porta fora, deu-lhe um beliscão na regueifa.
Chamou pelo Vitorino.
Ele veio.
Apareceu-lhe à frente de braguilha já aberta.

- Estava a preparar-me para ti, minha musa, explicou-lhe ele.
- Apressadinho!!!, riu-se ela enquanto pegava nele e o atirava para a cadeira.

É noite cerrada, não há necessidade de fechar as cortinas, pensou ela enquanto rasgava a roupa do seu corpo e se posicionava em cima de Vitorino, pronta para receber a sua espada do amor no seu ninho de mel.

- Abastece-me!!, gritou.
- Levas é já com uma litrada de 98 que até fazes pião!!, respondeu-lhe.
- Não!! Gasóleo que é para durar mais!!, suspirou ela por entre trancadas.
- Até te mudo as velas todas! Yi-hah!!! Galopa, sua maluca, galopa!!, gritou-lhe ele enquanto arrancava o elástico do cabelo e o soltava sobre os ombros num movimento sexy.

Ela, vislumbrando tal cena tão imaculadamente sensual, excitou-se ainda mais e com um forte galope que partiu a cadeira, deu, sem querer, com a mama esquerda bem na testa do seu garanhão, fazendo-o desmaiar.
Levantou-se do chão e ficou a olhar aquele corpinho impecavelmente rapado do peito aos tornozelos. Reparou que continuava de mastro armado.
Sorriu e abocanhou o pobre coitado como se fosse o último Calipo no universo. Lambia e chupava, chupava e lambia. Esfregava e puxava, empurrava e torcia. Retorcia e esticava, mordiscava e cuspia. Estava perfeitamente entretida neste deleite quando Vitorino acordou.

- Ouve lá… essa merda não é pra comer! É pra ir comendo!! Oh aí, carai!!, disse ele meio aflito e ainda com a testa a latejar.

Ela, obediente, mandou-lhe uma última trinca na cabeça do dito e, com surpreendente agilidade, saltou-lhe para cima para, 3 minutos depois, ver o servicinho terminado.
Enquanto isso, a vizinha Maria Anália do terceiro esquerdo do prédio da frente, pegava no telefone enquanto se benzia e aclamava pela bondade do demónio. Ninguém mastigava assim o seu Vitorino e escapava ileso!

- ‘Tou? Vizinho Octávio? Acho que o senhor tem um problema a resolver…

Gestrudes, alheia a tudo isto, mandou Vitorino vestir-se e pô-lo fora de casa antes que o mesmo lhe roubasse o ouro todo.
Desde esse dia que os seus encontros continuavam, começando os mesmos com ida dela às Bombas para comprar o seu tabaquinho.

Encostou-se para trás, depois de ter arrumado a pasta do Octávio e voltou a sentir aquele arrepio. Olhou a janela e viu a vizinha Maria Anália a sorrir-lhe armada em malandra.
- Aquela mulher é esquisita, pensou.
- Bem, é melhor ir fritar as salsichas que o meu Octávio deve estar quase a chegar.

Levantou-se e, ainda sorrindo das suas muitas memórias com o seu Vitorino, foi para a cozinha.

(cont)

História de Enconar

















...se me apetecer, deixo-te entrar, disse a Gaja Boa, mas o Octávio reparara entretanto, com o seu olhar de lince, daqueles olhares mesmo à detective seja eu, que aquilo já ia em mais de 200 comentários.

Vai daí, virou as costas à GB e foi tratar da vida, que isto de ser detective dá muito trabalho.

Até porque, quando ele tirou a aliança do dedo, algures, no outro lado da cidade, Gestrudes, a sua mulher há mais de 6 anos e 7 meses, sentiu um arrepio na espinha e disse, "Deve ter-se aberto a janela, outra vez..." e foi quando ia a caminho da janela, que viu a pasta do seu Octávio em cima da cadeira que servia, às vezes, para... Afastou os pensamentos da passarinha e...

(Cont.)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

História de Enconar



Octávio, que era tudo menos parvo, e que já há que tempos tinha galado a gaiata pelo rabinho do olho, não resistiu a olhá-la. Ela parecia ter ficado atrapalhada, mas Octávio, que gostava de gajas diferentes, pensou lá para com os seus botões - "eh, quarailho, és boa, tens pinta, e se não fosse pelos carimbos e pelos agrafos na tromba diria que acabaste de sair de uma revista de gajas do tempo do meu avô, anda cá ao paizinho, anda" - cruzou as pernas para ocultar o entumescimento que já se adivinhava mal lhe assentou a vista em cima e fitou-a directamente nos olhos, fazendo um esforço para não lhe fixar o decote de forma descarada, que durou uns heróicos 25 centésimos de segundo.
Gaja Boa (GB), com genuína curiosidade: O que é que estás a fazer???
Octávio Patilhas (OP): Estou a contar tainhas.
GB: E para que é que estás a contar tainhas?
OP: Não é que tenhas grande coisa a ver com isso, mas estou a contar tainhas porque não há moscas para contar.
GB: Há sim senhor, lá dentro na cozinha há um enxame delas ao lado do alguidar da carne para mast...para moer e depois fazer hamburgas.
OP: Pois, mas eu quero estar aqui fora (atira uma beata de SG Gigante com o filtro todo prensado à água e 7 tainhas perecem na luta pela beata. OP toma nota mental e reduz a contagem para 880. Volta a sua atenção para GB).
GB: E então preferes estar aqui fora a contar tainhas que lá dentro a contar moscas?
OP: Não. Preferia estar aqui fora a contar moscas.
GB: E porque é que tu contas moscas?
OP: (a trincar gelo e a babar-se enquanto continua deslumbrado com o que o decote de GB não consegue esconder) Porque assim não penso noutras coisas que me perturbam. Foi uma técnica dos Antigos que me ensinou o meu Mestre de Meditação Transcendental.
GB: Ah. Mas e então, quando estás a contar moscas, como é que sabes se não as contaste mais de uma vez?
OP: é como com as tainhas: não sei.
GB: isso não faz muito sentido.
OP (faz um ar tentativamente zen, mas já a arrastar as palavras): esta vida não faz muito sentido, miúda. Isto também me ensinou o meu Mestre.
GB: Lá isso é verdade (inclina-se pronunciadamente sobre a mesa para levantar os copos vazios, olha para OP) E… (bate as pestanas) posso ser-te útil em mais alguma coisa?
OP: Se puderes traz-me umas moscas para contar. Olhar para as tainhas está a enjoar-me.
GB: Até trazia, mas elas fugiam. Além disso não está na lista, e depois nem a casa ganhava nada, nem tu contavas as moscas. Além de que ia perder uma carrada de tempo para nada.
OP: Porra, lá nisso tens razão.
GB: (com ar de gozo) Yá.
OP: então, epá… olha, traz-me aí outro vodca tónico.
GB (como se estivesse a recitar uma bula farmacêutica ou as condições do crédito ao consumo da Cofidis): Absolute, Eristoff, Stolychnaia? Normal, de limão, framboesa, pimenta, caramelo, pimento, cebola, ananás? com gelo, sem gelo, rodela de limão, palhinha, sem palhinha, Black Russian?
OP: Sim, pode ser.
GB: Hã?….
OP: (discretamente, olha para o rio, conta mais 20 e chega ás 900 tainhas) …. Como é que te chamas?
GB: (faz de conta que não reparou) O meu nome é Al..., quer dizer, o meu nome é Tina, mas aqui toda a gente me conhece por Hitchy Puss.
OP (com ar de gozo): Hitchy Puss???? (descruza as pernas e endireita-se na cadeira), que raio de nome é esse?
GB: (a olhar para OP e a humedecer os lábios) Sim, Hitchy Puss. E também há quem me chame Deep Throat Julia. Olha lá, isso é uma tainha fresca de 450 gramas a agitar-se aí no teu bolso, ou estás apenas contente por me ver?
OP: E porque é que te chamam Hitchy Puss?
GB: Hellooooo? Adiviiinhaaaaa!
OP: Tens pediculose genital e coças-te muito?
GB: Pedi quê? Ai, que estúpido!
OP: costumas ter infecções urinárias?
GB (a ver a vidinha a andar para trás): Mau, estou a ver que isto não está a progredir adequadamente…
OP: E Deep Throat Julia?
GB: Pá… duhhhhh (e faz um gesto com a mão como se pegasse num objecto longo e cilíndrico e o metesse de lado na boca enquanto empurra a bochecha por dentro com a língua)
OP: Costumavas fazer concursos de lagostas e eras quem puxava a maior?
GB: OK, esta conversa acabou.
OP: Tava a gozar contigo, pá. Anda lá, não te zangues, isto é o álcool a falar! Olha, por falar nisso, queres mamar aqui na minha tainha?
GB: (zangada e com ar de poucos amigos) não, hoje acordei assim: vegetariana.
OP: Mas ainda me trazes o vodca ou não?
GB: foda-se, que remédio, ainda aqui trabalho e não há mais ninguém para to trazer...
OP: Ah, ok, então pode ser de caramelo, sff. Shot. Sem gelo. Sem palhinha. Sem limão.
GB: Right on, bitch.
OP: Hã?
GB: Nada, é uma cena do rock.
OP: Ah. Olha, o que é que vais fazer quando saíres daqui?
GB (naquela de não sei se o mande foder se lhe dê outra oportunidade, também mais ruim que o cabrão do Toni e mais desgraçadinho é difícil...'xa lá ver se isto ainda se compõe): Mhhhh… vou para um cabaré, onde entretenho a audiência a fazer danças burlescas no varão.
OP: Uau… isso deve ser giro!
GB: …não é que mereças! mas acho que engracei contigo. Se prometeres que não te voltas a armar em parvo, dou-te uma nova oportunidade: podes levar-me, se quiseres, meto-te lá dentro, vês o espectáculo e se quiseres depois podes ir ter comigo ao camarim... Se me apetecer deixo-te entrar...

(Cont.)

História de Enconar



(Cont.)

By Vita

Chamava-se Tina, para os amigos porque os pais uns senhores abastados ali para os lados da ajuda chamaram-lhe Altina e aos 16 anos meteram-na fora de casa com dois sacos de roupa após ela ter juntamente com o Toni assaltado a casa onde roubaram alem de uma tv em bom estado e uma aparelhagem já dos tempos dos avós... todo o ouro da mãe herdado pelos pais.
Toni era o homem que tirou a virgindade a tina era um tipo alto escanzelado com uma tatuagem a dizer amor de mãe num braço e uma caveira na omoplata direita que tinha feito juntamente com Tina, tinha umas orelhas grandes (à príncipe Carlos) lábios finos (à Bono) e o cabelo rapadinho (à Britney Spears), era um grosseiro e arreava na tina quando esta não lhe trazia todo o magro ordenado que ganhava no bar reles e alguns engates que por lá arranjava. Tina tinha alguns "clientes" certos, diziam inclusive que era muito boa na profissão mais velha do mundo e ganhava uns trocos bons mas o Toni desaparecia com o dinheiro num instante, bebia e jogava poker com fartura além de não trabalhar e controlar as saídas pós trabalho de tina.

Olhava para o homem que distraidamente roía as unhas e as lançava ao rio estava tão absorvido nos seus pensamentos que nem a via...reparou na aparência sensual pois apesar de ter um ar rude o bigode fininho dava-lhe charme e a cicatriz que lhe cruzava a cara uma certa sensualidade e pensou, quem sabe um potencial cliente. Precisava arranjar dinheiro para pintar o cabelo de loiro, a amiga Ana colega de profissão tanto no bar como nos engates, uma loira com umas mamas enormes sempre com decotes e um sorriso nos lábios carnudos tinha-lhe dito que ser loira rendia mais.
Para mais o Toni andava a chatear para comprarem uma cama, farto de dormir no chão em cima de uns cobertores, pois a cama deles tinha vendido em tempos ao Zé da tripa um "dealer" que comprava todo o material roubado ou usado ali na zona de alfama onde viviam.

Reparou no olhar do homem e desviou o olhar...

(Cont.)

domingo, 22 de agosto de 2010

História de Enconar




Tinha 35 anos, bigodinho fino e aparado (à Errol Flynn), andar gingão (à John Travolta em "Grease"), um olho mais aberto do que o outro (à Manuel Alegre) e tinha ainda o peculiar hábito de usar sempre uns óculos de aros redondos (à Miguel Esteves Cardoso). Era grande apreciador de álcool em geral e de vodcas tónicos em especial. E fumava que nem um camelo. SG Gigante.
Embora de ar rude e marcado pela vida, figadeira carregada, e pele com laivos nicotínicos, não só era relativamente bem parecido - a cicatriz que lhe cruzava a cara desde a sobrancelha esquerda até à orelha e que lhe arrepanhava o olho fazia parte da sua peculiar aparência - mas, como era bem constituído, fruto de uma adolescência passada a fazer piscinas por causa de problemas crónicos respiratórios, do alto do seu 1,80 m, não era exactamente o tipo de fulano com quem alguém gostasse de medir forças.
Chamava-se Octávio Patilhas e era Detective Privado.
Estava a trabalhar num caso de um cliente industrial têxtil do Norte radicado na Trofa, que desconfiava do sócio com quem tinha aberto uma sucursal na capital.

Em concreto, desconfiava que o sócio andava a servir-se da Ford Transit de 1989, pertença da firma, assim como das instalações da loja e armazém, um espaço comercial de 50m2 com arrecadação de 12,5 m2 na Cave do Centro Comercial de Xabregas, mesmo paredes meias com uma loja de tatuagens de seu nome "hotroad tattoo and piercing" (não confundir com "hot rod"), como entreposto de passagem de material ilícito.

Octávio não era mestre na sua arte: estava naquilo há pouco menos de um ano desde que a ASAE encerrou o matadouro do MARL onde trabalhava, na secção da desossa, mas lá conseguiu desenrascar uns registos fotográficos e de vídeo com a ajuda de um amigo que fazia fotografia de casamentos em part-time, de movimentações estranhas de mercadorias que decorriam a altas horas da madrugada na sucursal lisboeta do seu cliente, e posteriormente comprovadas com uma incursãozinha no famigerado armazém a meio de uma noite de lua nova, pela calada: caixas de Berettas e Glocks, metanfetaminas, Marlboros de contrabando, modelos em silicone liofilizada de actrizes porno ucranianas arrumadas a um canto (basta juntar água), I-pads gamados na FNAC de Badajoz e pornografia às pazadas.
Diligentemente, Octávio fez chegar um relatório ao seu empregador, que rapidamente desfez a sociedade. O seu sócio morreu com um tiro mesmo entre as omoplatas. A nota de suicídio que encontraram nas suas calças era clara: tinha sido um desgosto de amor que o tinha levado a entregar-se nos braços da ceifeira, e a polícia, perante o óbvio, arquivou o processo. Passado uma semana (mas essa é outra história) já o empregador de Octávio tinha vendido a vivenda na Trofa mudando-se de armas e bagagens para Xabregas, onde gulosamente tomou conta do negócio, tendo pago a Octávio um generoso estipêndio que bem lhe podia valer meio ano de salário no matadouro. E sem aquele cheiro a sangue e tripas. Bem vistas as coisas, Octávio não se sentia mal no exercício da sua nova profissão. Aquilo era só vantagens.
Pode-se dizer que Octávio estava entre casos quando, a descer a Avenida de Ceuta a ouvir o Imagination de Belouis Some, reparou que tinha a goela desidratada e a boca seca. Imediatamente resolveu fazer aquilo que melhor sabia fazer: sentar-se num bar, beber e olhar para o vazio à espera das inevitáveis moscas, e contá-las. E foi assim que deu consigo sentado numa esplanada das Docas.
O dia estava com a costumeira brisa atlântica puxada a Norte e tinham-se dado ao trabalho de limpar a ronha da mesa e esfregar os restos de cerveja entornada da noite anterior (os pés nem se pegavam ao chão!), pelo que moscas, nem vê-las. Pediu um vodca tónico e já estava a roer o sabugo das unhas, enervado com a falta de moscas para contar, quando se apercebeu que, lá em baixo, na água, havia tainhas em barda a disputar as lascas de unhas que ia cuspindo preguiçosamente para as águas turvas do rio. Encontrou logo com que se entreter e, com as Tágides de Camões em mente, começou a contá-las.
4 vodcas tónicos depois, já debruçado sobre a barrira de protecção a 4 metros da água insalubre do rio, e ainda mal tinha passado das 887 tainhas, reparou que estava a ser observado por uma empregada de mesa. Aparentava uns 28 anos, cabelo escuro e pele muito clara, roliça qb, com um ás de copas tatuado na parte de fora da coxa (sim, ia de minissaia), uma caveira na omoplata direita e umas estrelitas coloridas perto dos tornozelos, piercings no nariz, sobrancelha e língua, lábios pintados de vermelhão, um corte de cabelo vintage... Em suma, uma verdadeira pin-up, de bandeja redonda debaixo do braço e um ar de fastio subitamente interrompido pelo espectáculo que Octávio lhe estava a proporcionar.
(Cont. Ou talvez não... alguém se chega à frente?)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Porque sim!




"Josefa, 21 anos, a viver com a mãe. Estudante de Engenharia Biomédica, trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária. Acumulava trabalhos e não cargos - e essa pode ser uma primeira explicação para a não conhecermos. Afinal, um jovem daqueles que frequentamos nas revistas de consultório, arranja forma de chamar os holofotes. Se é futebolista, pinta o cabelo de cores impossíveis; se é cantora, mostra o futebolista com quem namora; e se quer ser mesmo importante, é mandatário de juventude.

Não entra é na cabeça de uma jovem dispersar-se em ninharias acumuladas: um curso no Porto, caixeirinha em Santa Maria da Feira e bombeira de Verão. Daí não a conhecermos, à Josefa. Chegava-lhe, talvez, que um colega mais experiente dissesse dela: "Ela era das poucas pessoas com que um gajo sabia que podia contar nas piores alturas."

Enfim, 15 minutos de fama só se ocorresse um azar... Aconteceu: anteontem, Josefa morreu em Monte Mêda, Gondomar, cercada das chamas dos outros que foi apagar de graça. A morte de uma jovem é sempre uma coisa tão enorme para os seus que, evidentemente, nem trato aqui. Interessa-me, na Josefa, relevar o que ela nos disse: que há miúdos de 21 anos que são estudantes e trabalhadores e bombeiros, sem nós sabermos.

Como é possível, nos dias comuns e não de tragédia, não ouvirmos falar das "Josefas que são o sal da nossa terra?"

Por FERREIRA FERNANDES, Diário de Notícias





As merdas de que eu me lembro II

As merdas de que eu me lembro...

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quinta-feira, 19 de agosto de 2010


Kepa Junkera - Bok Espok

Eta orain, señoras y señores, let's zerbait erabat desberdinak kalera mugitu. Eta espedientea, honek kaka tardzidpor automatizatu tresna bat, era tranpa bat, ez da harritzekoa da. Said. Hope, gozatu eta abar.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Parabéns, SANDRO!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Parabéns, ZECA!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ma va fancullo, oh!

Egregi Signore e Signori, per voi, con l'altissima ed insormontabile sponsorizzazione da Lucio Bisutto, Vareta Funda ha il piacere di presentarvi com una delle piú emblematiche canzioni dal mitico cabarettista Luciano Bronzi: "La Marisa"



La Marisa
(L. Bronzi)
Rit:
Macchè tettone che gaveva ea Marisa,
sbregava i bottoni dea so camisa,
do robe ve digo de far fin paura
de serto la portava ea nona misura.

La vidi che ea entrava allegra na sera
in mini co ea blusa al bar Capinera
do oci col rimmel, na boca tutta rossa
co ea caminava ea gera tutta na mossa,
un tipo magliardo, altera assai,
bella col suo ancheggiar, ea pareva na modea.
Ma ea roba più bea ea gera davanti,
do robe ve digo, do suche giganti.

Rit:
Macchè tettone che gaveva ea Marisa,
sbregava i bottoni dea so camisa,
do robe ve digo de far fin paura
De serto la portava ea nona misura.

Ghe offro da bever, se ea permette
Fin tanto coi oci vardavo ste tette,
ea beve do graspe, sie wischi, tre amari
do litri de rosso e sette campari,
tre croassan e xo tramesini
sie creme un canolo e xo pasticcini,
el conto se alto quarantaun e sette
vaeva ea pena, per chel per de tette.

Rit:
Macchè tettone che gaveva ea Marisa,
sbregava i bottoni dea so camisa,
do robe ve digo de far fin paura
De serto la portava ea nona misura.

Ea me porta a casa so tutto un suor
ea fa per spoiarse, so pien de ardor
ma sensa ea cotoa, che gambe peose
che muscoi, che brasi, che mani calose
ea parucca ghe casca, le tette se false
che spunta do robe in meso a e calse
mi resto perplesso so insemenio,
ma varda che fato che fato mio Dio.

Ma che cogioni che gaveva ea Marisa
Do bae da tennis, da sotto ea camisa
sta sera go altro, no ve posso dir,
ve asso a voialtri de farve capir.
Sta sera go altro no ve posso dir,
ve asso a voialtri de farve capir.

Musicóle!

Leidies an Gentalmén, bom dia, boa tarde, boa noiteeeeeee!!!

Para vosse enternetetintinimento e deleite, a vara tem o enorme prazer de trazer à vossa presença o grande, o único, o impossível, o impagável...


GRACIAAANOOOO SAAAAGAAAAAAAAAAAA!!!!!



Musicóle!



DISCLAIMER:
A manifestação cultural transmitida em anexo é da única e exclusiva responsabilidade do autor da mesma, ie, Graciano Saga. Da publicação deste post não se pode - nem deve - retirar a conclusão de que o autor do post tenha partilhado, partilhe ou possa partilhar, no passado, presente ou futuro próximo (ou longínquo), das crenças, pontos de vista, opiniões ou gostos ali veiculados.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Serafim e Branquinha



Sim, porque antes de bate-chapas, o enconado pastava um rebanho de cabras e meia dúzia de burros (cujas fotos não publico, como é lógico), ali para os lados de Alfragide, até que o Belmiro lhe acabou com a boa vida, quando lá mandou construir o Continente.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Histórias de Enconar


(cont.)
Num belo dia, em pleno Verão quente, estava Serafim, como comecei por dizer, a martelar concentradamente o pára-choques amassado de um VW carocha branco antes de o transformar para posterior venda, quando ouviu, como dizia o fadista, "por entre as tábuas toscas da barraca" que lhe fazia de oficina e de casa de morada, o som de gritos ao longe. Calculou que viessem, mais coisa menos coisa, de perto da barraca da Suzete cerzideira. À cautela, desobstruiu o ouvido esquerdo com a unhaca do mindinho da mão esquerda (e guardou a pasta de cerúmen dentro de uma lata de salsichas Izidoro para depois usar na cabeça das velas como agente vedante de humidades) e riu-se despreocupadamente. "Lá estão outra vez os maganos dos putos a brincar aos pides a torturar comunistas e outros agitadores menores!"

Acabou de martelar o pára-choques e meteu-se debaixo do carocha. Preparava-se para raspar do cárter o que parecia ser um tufo de cabelos com um bocado de carne e osso agarrados quando lhe chegou ao nariz um perfume intenso. "Olá! temos cona?", perguntou-se, e fez deslizar o carrinho de rolamentos, até que, por entre as suas pernas, lhe surgiu no campo de visão um par de pernas seguido de um cúmulo de curvas que o deixou à beira da hiperventilação. "Afinal... o Zé era capaz de ter razão e aquilo nos calendários da Pirelli são mesmo gajas a sério!", lembra-se de pensar para consigo.
"Ooolhe, o senhor desculpe, vinha ali do Largo de Carnide em direcção ao Lumiar e resolvi atalhar caminho, e o meu carro parou ali na Azinhaga do Serrado, sem dizer nem água vai nem água vem. Fartei-me de andar a pé, nem um táxe nem nada, dei cabo das capas todas, e ao fim de um bom bocado lá dei com um senhor que estava ao pé de uma horta a espremer um bocadinho de limão para dentro de uma colher que me disse que aqui talvez houvesse alguém que me pudesse auxiliar, e recomendou-me que dissesse que vinha da parte do Sr. Lelo dos rádios... Pode dar-me, ahhh...., uma mãozinha?"

Serafim, que só estava habituado a tratar com os habituais toxicodependentes ladrões de automóveis e que até da companhia das suas cabrinhas estava privado há largos meses, grisou-se todo, e se pudesse tinha saído a da oficina a gritar "Ó Tio! Ó Tio!", mas controlou o seu stress pós traumático, aproveitou uns bons decilitros de espuma que tinha na boca para mandar um serenal que tinha encontrado no chão de um Fiat 600 pela goela abaixo, enquanto discretamente apertava a falanginha e a falangeta do dedo mindinho da mão esquerda com a chave inglesa que trazia consigo só para ter a certeza de que não estava outra vez a tripar com os vapores dos escapes.

Serafim (S): 'mnina, venha aqui para a sombra que senão fica como a merda ao sol: seca."
GAJA BOA (GB): Ahhh... obrigada.
S (a rolar um palito de um lado para o outro da boca e a observar GB dos pés à cabeça com olhos de carneiro mal-morto): Deixe-me só apanhar a ferramenta e já vamos ver se tratamos do seu motor.
GB: Ahhh... obrigada.
Uma vez chegados ao local da avaria:
S: Abra o seu cápô, 'mnina, se fizer favor
GB: Ahhh... já está.
S (inclinado sobre o motor e a rolar o palito na boca): ora, 'xa cá ver... ahhhh, ahhhh, (inclina-se e escorrega num bocado de óleo)...ahhhhhn! (aterra cpom os queixos em cima dos platinados) Ora, cá está!
S: 'mnina, o seu mal é que tem um fusível solto, ligando-o, o metor d'arranque deve funcionar, ora gire lá a chavinha se quer ver...
GB: Ahhh... ai sim, fantástico, que maravilha, funciona, funciona! (Bate palmas) Como é que resolveu isto tão depressa, Sr. Serafiiiim???
S: Ora, 'mnina, a minha postura, na mecânica, tal como dantes, nas quelónias, quando ia atrás dos pretos para o mato, é só uma: ou mato ou morro! Se o inimigo vem do mato, morro, se o inimigo vem do morro, mato. Sabe como é: são muitos anos a encav... a virar cabras, 'mnina.
GB: Desculpe, o senhor deve querer dizer virar frangos, não?
S: Hã?
GB: Frangos, o que se costuma virar são frangos, e não cabras.
S: Ah, pois, se calhar era isso, era. A 'mnina desculpe, mas eu, sabe, estou aqui fechado há muitos anos - saio pouco! - e estava mais habituado a distrair-me com as cabras, e as cabras, coitadinhas, até se terem ido embora, estavam habituadas a distrair-se comigo... [suspira]. Além disso, não acha as cloacas dos frangos assim um tanto ou quanto acatitadas? E depois nem sequer são mamíferos! eu não sei, eu cá falo por mim, hã, outros terão outra openião. Já se sabe, são como tantas outras coisas nesta vida: há muitas e de todos os tamanhos e feitios!
GB: Ahhh... como???? Ai, credo, Sr. Serafim, não poooossooooo, que coisaaa! Parece que não estamos bem a falar do mesmooooo! (ih, ih, ih, ih!) O Sr. sabe que vai ter de voltar a conviver com os da sua espécie, não sabe? (Como se fosse a primewira vez que realmente olhava para S., faz um ar de gula, e olha-o de cima dos óculos de aros redondos enquanto brinca a enrolar nos dedos uma das tranças loiras) E eu, enfim, o Sr., em querendo, eu tinha muito gosto em dar-lhe boleia para a oficina e, prontos, se quisesse antes disso oferecia-lhe uma Laranjina C ou uma Cergal fresquinha. Ou então podíamos conviver um bocadinho, ali debaixo da sombra daquela oliveira, assim como assim isto é um deserto, não há ninguém à vista e eu gosto do toque áspero da casca das árvores contra a minha pele desnuda...
S: Pois 'mnina, eu oiço o que a 'mnina diz, e eu até acho que a 'mnina tem razão, mas eu estou aqui a olhar para aí, para a 'mnina e prontos, eu não sei, sabe? estou a achar que isso pode ser um tanto ou quanto complicado, sabe? É que eu estava habituado a tratar as cabras assim um bocado à minha maneira, quer dizer, à bruta e à canz... e petrás, e eu não lhe quero fazer mal, já fiz mal que chegue na Guiné, tenho ali uma mala cheia de orelhas de cafres e até de alguns bijagós dos dias em que eu trabalhava para o mal: abro-a todos os domingos antes de ir à missa do Pastor Dirceu, para não me esquecer da maldade que há no mundo, 'mnina...
GB (já a perder a compostura e o sentido das convenções sociais): Ai, Sr. Serafim, o Sr. está a despertar em mim instintos primitivos, só me apetece dizer-lhe que lhe faço tudo o que o Sr. Quiser!!!
S: A sério, 'mnina? Tudo, tudo?
GB: SIIIIIM, Sr. Serafim!
S: É muito boazinha, 'mnina....então, nesse caso, a menina leva-me à Feira da Malveira?

FIM

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

FÉRIAS NA PRAIA



Emídio Bezelga pousou a mala sobre a cama do bungallow, ‘Aahhh…férias, Foda-se lá o patrão mais a puta da mulher e os filhos paneleiros, Isto é que é vida …fééérias!...’, O filho mais novo já mascava uma rã morta que encontrara meio embrulhada em cotão e cabelos no canto da cabana enquanto fazia desenhos na parede com um pau de gelado e um cagalhão ainda mole deixado num canto quarto pelo locatário anterior, A mulher foi mudar o Modess Aderente para a pia dos despejos e lavar-se no polliban rapar-se e espremer os pelos encravados esguichando pus para a cortina de plástico ‘Bonita’ que representava uma cena de asa-delta ao pôr-do-sol, Não havia luz e Emídio aborreceu-se pois tinha de se ir queixar á recepção do parque que já encerrara entretanto, O ralo do poliban gorgolejava porcaria cá para fora e ficou um enorme fedor a canos, Os mais velhinhos tinham ido comprar crepes de morango e vinho com coca-cola, A namorada grávida do mais velho estava com enjoos e vomitou no ‘hall’ de entrada mesmo por cima do divã de Beta, a mulher de Emídio, Beta não se atrapalhou e pôs um alguidar de plástico cá fora, foi ao chafariz com uma bilha de plástico, ficou na fila, voltou e pôs-se a lavar a forra do divã. Entretanto Emídio estava a manipular-se a ver o Batatoon e disse- ‘vou á missa das sete, mas é’. Lá, o padre estava agarrado aos testículos arrepelando o escrôto com vinha-de-alhos e super pop limão, Os únicos fieis sentados num canto eram os seus filhos mais velhos que se estavam a injectar e a cabecear. –‘Pai, tomei uma decisão’ – disse, semi-revirando os olhos – ‘vou-me casar com a Guida’ – O pai anuiu e acrescentou que achava honrado para depois reparar que não sabia quem era a Guida, A namorada de Túlio, o seu filho chamava-se Tina, - ‘Quem é a Guida, pá?’ – ‘Então, a Guida…é uma garina que eu conheci ontem quando fui cagar á mata. Estava lá a largar lastro também, Foi bué fixe. Eu nem deixei que o cagalhôto dela saísse completamente e empurrei-lho para trás logo ali, outra vez’. –‘É o chamado clister de açorda’ – disse o pai rindo-se e exibindo o seu único dente que estava podre. –‘Sim, pus-lhe o almoço a andar de marcha atrás, Ela até se urinou toda, paizinho!’. –‘Toma lá quinhentos paus então para beberes umas cervejas’ – disse o pai. – ‘ Um dia destes temos é de ir os dois ás putas…’, A isto o mais novo retorquiu –‘ eu gosto mais de gajos pai’ – O pai arregalou os olhos e disse – ‘Bom, desde que sejas tu a enfiar no cu do outro não há problema, Só quem leva é que é’- ‘Sim papá’- anuiu o filho, manso como um cordeirinho, No bungallow Beta já tinha preparado o jantar que era esparguete com ‘picha de vaca’, que era o que jocsamente a família chamava ás salsichas Izidoro. O pai babava-se enquanto comia e o filho imitava um porco e se masturbava debaixo dos largos calções Bilabong, O mais novo peidava-se e todos se riam, O pior foi que Tina de tanto se rir engasgou-se e abortou á mesa. Como o prematuro era hermafrodita deram-nos a um casal de alemães que ia por ali a passar e já o filho mais velho tinha saído da mesa e estava a arrebentar a peida de Guida que andava por ali mas afinal era um gajo.

Vanessa dá à anca

Para o meu amigo chOURIÇO, porque sim, mas sobretudo porque sei que ele não pode ver o video até chegar a casa.
Senhoras e senhores: uma gaja boa.


finalmente!


É uma imagem fodida, não é?

Death Proof. Um péqueno excerto

quinta-feira, 5 de agosto de 2010


terça-feira, 3 de agosto de 2010

Histórias de Enconar




Serafim Baptista martelava concentrado o pára-choques amassado de um VW carocha branco. Exercia a profissão de bate chapas numa garagem obscura entre Carnide e o Bairro da Horta Nova.

Regressado da Guiné nos idos de '70 onde tinha lutado com honra e distinção na campanha de 1970-1973 na Companhia de Caçadores nº 969, e incapacitado de se reinserir na sociedade por mor do stress pós-traumático que, sempre que se encontrava na companhia de outras pessoas, lhe provocava uns espasmos incontroláveis e abundante produção de espuma na boca, tal qual como se padecesse de hidrofobia viral crónica terminal, Serafim foi para ali a convite do seu antigo furriel, Zé Antunes, homem de poucas falas, a quem Serafim tinha salvo a vida no mato.

O Zé, sempre conhecido entre os amigos e companheiros das 3 campanhas na Guiné, como 'Zé Bode', por jurar a pés juntos que as cabras eram muito mais quentinhas e dóceis que muitas gajas que para aí andam (cabritas inclusive), era proprietário por via sucessória de um curral de cabras e precisava de ajuda para o pastoreio porque era ardina na Rotunda do Relógio onde vendia o Diário de Lisboa e A Capital, e não podia estar em dois sítios ao mesmo tempo e as cabras, já se sabe: não esperam por ninguém.

E assim, todas as manhãs Serafim acordava, tomava o seu pequeno-almoço (almece de leite de cabra acabadinho de mungir com açúcar e canela) e levava as cabras a pastar a um descampado que ficava logo ali, onde hoje se ergue, imponente e majestoso, o Feira Nova de Telheiras.

Os ventos da liberdade trouxeram um crescimento desenfreado e caótico à cidade, que atraiu hordas de emigrantes que demandavam a capital em busca de uma vida mais desafogada, e de repente o leite, a carne, os tapetes de pele de cabra e até mesmo os prazeres proibidos que as cabras proporcionavam a alguns poucos aficionados, que os pagavam em bom dinheiro a Zé Bode, deixaram de ter viabilidade económica. Até o simples acto de pastar cabras se tornou uma gesta heróica, pois onde antes medrava a erva tenra, impunham-se agora vias rápidas de asfalto e betão, e era cada vez mais complicado manter o rebanho em condições. Já pra não falar nas sessões de gincana para levar o rebanho a pastar, que quase iam transformando Serafim y sus muchachas num misto de cascadeurs e atracção turística suburbana.

Os posteriores problemas de solvabilidade e liquidez dos empregadores de Zé Bode, e de onde este tirava, aliás, o seu principal, ainda que magro, sustento precipitaram as coisas: deixou de poder exercer como ardina e, com o coração partido, meteu-se com as cabras na carreira da Mafrense e rumou à Malveira, dita dos bois, onde vendeu a suas estimadas cabras na feira de gado por 100 contos, o que na altura até nem foi mau negócio, a uns freaks alemães que por ali andavam a perguntar a quem passava se sabiam onde ficava a Serra de Mú porque, segundo constava, tinham um encontro com Gaia.

E diga-se em abono da verdade que, no que tange a transacções comerciais de gado, a Malveira só não é a localidade mais significativa do país porque os campinos têm uma antipatia ancestral para com os saloios, preferindo de longe, vá-se lá saber porquê, deslocar-se a Beja e à Golegã.

Mas adiante, que isso são outros quejandos: com o pecúlio assim acumulado, e depois de ter pago 3 anos de quotas em atraso n'Os Belenenses, e de deixar uma pequena contribuição para a renovação da sala de espectáculos do "Vendeores de Jornais Futebol Clube", de uma pançada de Cozido à Portuguesa bem regado com águas do Cartaxo no "Oh, Lacerda!" e uma visitinha à Parreca de Monsanto, que fazia tudo por uma quinhentola e que era a coisa mais parecida com uma cabra que ele conhecia, Zé Bode reinvestiu tudo o que tinha e reconverteu o estábulo numa modesta, mas bem equipada oficina automóvel especializada em bate chapas, electricista e reconversão estética de viaturas de 2 e 4 rodas, que é uma forma idiomática e simpática de dizer que Zé Bode se passou a dedicar de alma e coração à receptação, transformação e posterior venda a terceiros, de boa ou de má-fé, de veículos furtados.

A alma do negócio era, também aqui, Serafim Baptista: tanto por força da sua infância, onde tinha sido ajudante numa bomba de gasolina ali para as bandas de Alpiarça e onde de quando em vez desenrascava um ou outro cliente mais atrapalhado e disposto a remunerar os seus serviços com alguma espórtula simpática, em géneros ou em espécie, como por força da sua actividade na Guiné.

Na Guiné, Serafim era o gajo que safava o batalhão no meio do mato, ora quando o radiador dava o berro enchendo-o com urina da Companhia, ora reparando a correia do distribuidor com as meias de seda que o Cabo Artur Ribeiro sempre trazia vestidas para não se esquecer que noutra vida, longe do Ultramar era uma dançarina de cabaret no Ritz Club que responda pelo nome de Scarlet O'Tara onde fazia playbacks da Simone e da Madalena Iglésias. Mas Serafim também era o batedor com maior sucesso do batalhão: era invariavelmente ele o soldado encarregue de sabotar os meios ao dispor do inimigo.

Foi desta guisa que Serafim se tornou um exímio retalhador de pescoços de sentinelas Turras (foi ali, aliás, que começou a acumular os seu largo espólio de orelhas que ostentava com orgulho num fio de pesca pendurado ao pescoço que ainda hoje guarda consigo) e um sabotador de motores inimigos como o Ultramar não voltou a ver.

(cont.)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010